sábado, 22 de setembro de 2007

Elenco ok. Figurino ok. Iluminação ok. Texto ok. Direção ok. Mas se faltar você o teatro não acontece.




Toca o terceiro sinal. Apagam-se as luzes. Abrem-se as cortinas. Vai começar a peça. Quem já viveu esta experiência sabe o tipo de emoção que é. O público é essencial nesse enredo: na troca de emoções com os atores dá-se a magia do espetáculo. A peça encenada hoje nunca será idêntica à de ontem nem à de amanhã. Porque, no teatro, cada momento é único.

Alías, não esqueça, hoje tem espetáculo. Não perca!

sábado, 15 de setembro de 2007

Sobre o Teatro Cotidiano (fragmentos)




Vocês, artistas que fazem teatro
Em grandes casas e sob sóis artificias
Diante da multidão calada, procurem de vez em quando
O teatro que é encenado na rua.
Cotidiano, vário e anônimo, mas
Tão vívido, terreno, nutrido da convivêcia
Dos homens, o teatro que se passa na rua.

Aos que imitam, apenas para mostrar
Que sabem imitar bem; nao, eles têm
Objetivos à frente. Vocês, grandes artistas
Imitadores magistrais, não fiquem nisso
Abaixo deles. Não se distanciem
POr mais que aperfeiçoem sua arte
Daquele teatro cotidiano
Cujo cenário é a rua.

A misteriosa transformação
Que supostamente se dá em seus teatros
Entre camarim e palco: um ator
Deixa o camarim, um rei
Pisa no palco, aquela mágica
Da qual com frequência vi a gente dos palcos rir
Copos de cerveja na mão, não ocorre aqui.

Nós falamos textos alheios, mas os namorados
Os vendedores também aprendem textos alheios, e com que frequência
Todos vocês citam ditados! Assim
Máscara, verso e citação tornam-se comuns, mas incomuns
A máscara vista com grandeza, o verso falado bonito
E a citação apropriada.

Para que nos entendamos: mesmo se aperfeiçoassem

O que faz o homem da esquina, vocês fariam menos
Do que ele, se o seu teatro fizessem
Menos rico de sentido, de menor ressonância
Na vida do espectador, porque pobre de motivos e
Menos útil.

(Bertolt Brecht)

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Sacerdócio no tablado


Por que as pessoas vao ao teatro ainda hoje? Por que, passadas décadas do advento da televisão, continuamos abandonando o conforto dos sofás, o descompromisso das telenovelas e Big Brothers para nos espremermos nas ante-salas, depois de quase perdermos a batalha dos congestionamentos?

A resposta é que vamos ao teatro como se fôssemos a uma igreja, a um templo. Para afastar os demônios e clamar pela benevolência dos deuses. O que nos empurra aos bandos para aquela sala senão um ato de fé, essa indelével sensação de culpa carente de expiação, um pecado original geneticamente programado a ser perdoado pelo mistério do ator?

O teatro é um ritual religioso diante de presenças físicas. Não há diferença perceptível entre o ritual dos índios em torno da fogueira, a Santa Missa, Édipo Rei ou uma peça de Plínio Marcos. São todas peças de teatro, espetáculos de magia onde pactua-se com os deuses e conjuram-se os demônios para que a caça e a guerra sejam propícias no dia seguinte. Hoje e sempre.

Até o exercício do teatro é muito próximo ao de um sacerdócio. Somos, na verdade, sacerdotes de nossos deuses. A prática do palco pressupõe dedicação absoluta, sacrifício e paixão. E o que é paradoxal: prazer no sacrifício - ou seja, vocação.

E o Dia do Teatro? Há quem comemore em 27 de março. Para os adeptos de São Genésio, o ator mártir decaptado por Plautius, seria 3 de setembro. Mas e as musas, as nossas deusas Melpômene e Thalia, cujas estátuas de bronze e mármore cultuo na sala e no jardim? Ficariam de fora? E os pajés, os feiticeiros, deuses do teatro selvagem cujo nascimento se perde na noite dos tempos há muitos milhares de anos?

O fato é que o teatro, como um templo, tem a idade dos deuses. E todos os dias, no momento em que um ator pisa num palco, em qualquer quadrante da Terra, ele estará celebrando com paixão e respeito seus deuses protetores. E aí sempre será Dia de Teatro.


(Por Juca de Oliveira) - (Imagem: Elifas Andreato)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007







"Ator, espectador. Palco, texto. O teatro nunca precisou de muito mais que isso para emocionar, provocar a reflexão, fazer rir. Ele mexe com o que há de mais permente no ser humano, através dos séculos e das culturas: a capacidade de amar, de odiar, sentir compaixão ou revolta. E isso não acaba nunca.



A cada espetáculo, a cada apresentação, o teatro se renova, ganha energia na troca com o público.



Aliás, não esqueça: hoje tem espetáculo. Não perca!"




Primeira de quatro séries de propagandas da Rede Globo na revista Veja.