sábado, 15 de setembro de 2007

Sobre o Teatro Cotidiano (fragmentos)




Vocês, artistas que fazem teatro
Em grandes casas e sob sóis artificias
Diante da multidão calada, procurem de vez em quando
O teatro que é encenado na rua.
Cotidiano, vário e anônimo, mas
Tão vívido, terreno, nutrido da convivêcia
Dos homens, o teatro que se passa na rua.

Aos que imitam, apenas para mostrar
Que sabem imitar bem; nao, eles têm
Objetivos à frente. Vocês, grandes artistas
Imitadores magistrais, não fiquem nisso
Abaixo deles. Não se distanciem
POr mais que aperfeiçoem sua arte
Daquele teatro cotidiano
Cujo cenário é a rua.

A misteriosa transformação
Que supostamente se dá em seus teatros
Entre camarim e palco: um ator
Deixa o camarim, um rei
Pisa no palco, aquela mágica
Da qual com frequência vi a gente dos palcos rir
Copos de cerveja na mão, não ocorre aqui.

Nós falamos textos alheios, mas os namorados
Os vendedores também aprendem textos alheios, e com que frequência
Todos vocês citam ditados! Assim
Máscara, verso e citação tornam-se comuns, mas incomuns
A máscara vista com grandeza, o verso falado bonito
E a citação apropriada.

Para que nos entendamos: mesmo se aperfeiçoassem

O que faz o homem da esquina, vocês fariam menos
Do que ele, se o seu teatro fizessem
Menos rico de sentido, de menor ressonância
Na vida do espectador, porque pobre de motivos e
Menos útil.

(Bertolt Brecht)

2 comentários:

Thaysa Freitas disse...

Esse poema de Brecht é bastante longo, porém vale a pena ser lido na íntegra. Aqui coloquei apenas alguns fragmentos que achei mais interessantes, mas se alguém o quiser por inteiro, basta me mandar seu email que enviarei a poesia. Ela fará mais sentido.
Beijos a todos!

Unknown disse...

sergiosalmista@hotmail.com ; sergiosalmista@gmail .com . poderia enviar me alguns estudos e textos , peças didática,fatzer o que puderes disponibilizar sobre o Brecht.